sábado, 31 de maio de 2014

meu Céu de e s t i l h a ç o s

Sabe quando você olha para cima e vê a merda


          a            
                      i
                               n 
                                      d
                                              o 
    
u      i      u      r      o      g      l        a                                          
 
E
       S
               T
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                              L
                                     H
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                                                   Ç
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                                                                 S


D        E        S        C       O        M       P        A         S         S         A        D         O

           D       E        S       C        O        M        P        A         S         S         A         D         O

D        E        S        C      O        M        P        A         S         S         A        D         O

           D       E        S       C        O        M        P        A         S         S         A         D         O
 

Caído aos cacos
meu coração!
         



quarta-feira, 28 de maio de 2014

O dilema do absorto

absorto,
Transcendido.
minha visão te achou em seu ângulo,
meus olhos conquistaram  a beleza do seu corpo
e tudo que alcançaram teve um quê de maravilha até não poder te ver mais

você veio com obstáculos,
excessivamente vestida,
meus olhos te enxergavam rente com seu cachecol,
como dito, tudo que se via tinha tom de maravilha!

Ah, que coisa suficiente para entender o meu afinco, o meu derreter.
Bastei por a vista em você para sentir o meu pau preâmbulando na gama do seu intervestimento
Ela há de estar feito eu, acesa, necessitando de qualquer coisa, até mesmo de meu eu como objeto

Você, deu para perceber no seu olhar e no seu pescoço inteiro
tinha algo irresistente para ser perseguido
você tem os seus morros e suas fendas
seus horizontes, seus vales, mas
você tem também uma penumbra que me dá zonzeira

meus  olhos se apaixonaram por você 
e diante de suas impossibilidades
quer meu corpo ao seu serviço para poder te ver melhor
meus olhos fecham os olhos para poder te ver melhor além do que eles vêm
e o meu suplício enlaça meu peito cabeludo nos teus horizontes
com as mãos aflitas por todo seu inteiro corpo, amém!

entro  em transe, me deixo absorto, sem controle
minha mão tateia montes em seus bojos
se umedece nos seus brejos
tudo é uma conspiração para eu estar dentro de você

Tudo em mim vira braille
delírio suave dos meus dedos
tato desarvorado que traz odores para as minhas narinas

eu consigo sentir em teu corpo entorpecido uma possibilidade de cama
um sinal de acolhida tateado
o desejo dentro do enlevo da tua alma
sou todo duro esbarrado em você
nessa suprema linguagem de cegos

como é bom ver no escuro tua carne tão doce e tenra
como é bom poder te ver agora inteiramente desvestida e minha
até todo o nosso fluir se esgotar e a gente precisar se olhar novamente noutra proposta boa.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

QUERO GOZAR COM VOCÊ



VESTI ROUPA NOVA
REINVENTEI MINHA CARA
COM UM TANTO FABULOSO DE CORES
PINCELEI MEUS SONHOS
REALCEI MEU TESÃO
E ME FIZ GATA PRA TE TER

ATÉ ONDE POSSO, RESOLVI DEIXAR A MOSTRA
VOCÊ HÁ DE ME QUERER
HÁ DE ME CHAMAR PARA UMA DANÇA MAMULENGA
HÁ DE SE ESFREGAR A ALTURA DA MINHA INCANDESCÊNCIA
E MESMO NÃO ACONTECENDO EU TE CHAMO, TE ACLAMO
ATÉ QUE ENTÃO SE RENDA A MINHA IMPACIÊNCIA

ME FIZ MODERNA, MAIS SAÍDA, ATREVIDA
RASPEI PERNAS,  DECOREI MINHA VAGINA COM FLORZINHAS COLORIDAS
COMPREI ACESSÓRIOS DIVERTIDOS VENCENDO O MEDO DE SEX SHOP
QUERO SER ATRIZ, DONA DO MEU NARIZ, FIEL  DO MEU TICHÉ
INTEIRA NO MEU PROPÓSITO DE ME DEITAR CONTIGO
NUM QUARTO BARATO OU NUMA MOITA DE BAMBU

DECIDI TE REVELAR QUE NÃO SOU SANTA
DESENCRUEI A CARNE INCENDIANDO  A MINHA ANJA
MINHA BOCA TE PROCURA SULFERINA,  LASCIVA, ENTORPECENTE
DEIXEI DE SER INOFENSIVA PARA SER SUA SERPENTE
ME VENCEU O MEU DESEJO ONIPRESENTE
QUE TE POSTULA MEU DEUS ONIPOTENTE


domingo, 25 de maio de 2014

POEMA LIVRE

Me deixei entregue a vida
como segue o rio sem se importar com o mar
como segue o sono sem planos de sonhar
Sempre existe uma saída

Não quero mal a distraída
longe vou distante do assalto descansar
longe vou adiante para o estupro acenar
Sempre existe boa despedida

a vida agora é curso sem medida
estou no ponto onde eu queria me encontrar
a alegria agora é coisa destemida

meu agora  é hora de partida
estou sem pronto para ter que planejar
feliz e sã minh'alma definida

sábado, 24 de maio de 2014

Recado recatado e desprentensioso

Enquanto existir um amigo meu feliz,
não sobrará motivos para eu ser diferente,
mas se por acaso acontecer o contrário, 
mais palhaço quero ser
para que ele possa
ao menos rir da gente.

Neste fim de dia frio e chuvoso

(gostoso demais) 
gostaria de  dizer 
para o mundão de amigos que tenho 
que 
se qualquer um de vocês 
estivesse do meu lado 
eu beijaria. 

Diante desta impossibilidade
eu transformei o meu desejo em energia. 
Sentiu um calafrio? 
É somente o vento carregado do meu gesto.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Até a última estação

Hoje o dia amanheceu para café. 
Na minha cabeça insiste uma lembrança
como se cantasse um galo neste céu cinzento da cidade. 
Faz frio gostoso sem  choque térmico
na confluência das pernas gritantes
dos homens e mulheres que ruminam a ida ao trabalho
chove fino prometendo salvação nos mananciais da cantareira
e o trem não para abarrotado de hálitos pouco dormidos
dos corpos esquecidos dos prazeres tão distantes das orgias

como esse povo gostaria de estar em casa para um chocolate quente
as almas se aquietaram neste mundão eterno de gente
que o metrô amassa enquanto a vida vaza nesses trilhos
e mesmo em meio a tudo isso ouve-se bom dia
do senhor velhinho e lindo e do menino vendido da cracolândia
da grávida de outra vida quase sem motivação
o povo todo em oração e em crença meio que latente
a tentação, a pouca imaginação, a sede de aguardente

hoje o dia amanheceu para café
na minha cabeça insiste também umas cantigas
quase como se eu ouvisse a ladainha das lavadeiras
em meio ao espremido desse povo sem gemido
sem tempo para choradeira, para a fornicação
parece que o aroma do tesão voou pela janela do vagão
num contraponto que deixa tudo amalgamado e ermo
sem umectância,  sem ereção, somente um rolo compressor

hoje o dia amanheceu diferente
não menos diferente do que acontece todo dia
completamente destituído e com promessa de alegria
por isso o trem não para com esse entra e sai
agora sem espaço para os vendedores ambulantes
sem lugar para animação de todos que cochilam 
o frio, a chuva e o cafezinho quente
tudo junto misturado e de peito rente
   

quarta-feira, 21 de maio de 2014

predestinação

não, não, não e não
não foi cigana, nem foi tarô
também não foi cinza de cigarro imprensada em minha mão

não foi cartomante
não foi Santo Antônio, nem com gancho
também não foi ponto para qualquer santo

eu sei exatamente o dia e a hora que senti
esse amor sobrescrito na primeira vista
do mesmo jeito em nossas emoções

dai pra diante a gente se reveza
eu tampa, você panela e vice-versa
no nosso olhar a idêntica  revelação 

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Teorema perdido



A humanidade
o que lhe é marca pior?
delimitar a terra com cercas,
mascarar o corpo com as roupas,
delimitar a alma nas cabeças,
embebedar o espírito com rezas,

Humano
traço delimitado
ato de consumo
fato de se consumar
dom de se iludir
morrer sem convencer

sábado, 17 de maio de 2014

foi você quem não quis ou ao menos não soube

quando eu pedi para você parar de pensar que a cachaça fosse água você não ouviu
quanto mais eu mostrasse que cocaína e farinha é mera superficialidade você se entupiu
quanto mais eu falasse da vida como possibilidade para tudo você se sucumbiu
agora pede socorro e não tem mais jeito
agora não passa sua dor no peito
agora você não tem mais vontade de nada
nada te anima, nada te anuncia, nada te alucina
você abraçou coisas fortes só se contentando em ir fundo
você desceu ao fundo do poço e descoloriu seu mundo
e sobrevive mal porque nem o além te quer mais
o céu não te tem portas e o inferno se confinou em você

eu pedi incessantemente para você se recordar do discurso da década de 80
que iniciou chamando a gente para tudo baseado e com cuidado
mais você foi longe demais com o embalo de um rock and roll mais pesado
cozinhou as narinas, dilacerou suas veias e entorpeceu suas pernas
desafinou sua voz e delapidou todos os seus instrumentos
desencantou de todas as marias e ficou perambulando nas esquinas
feito chave de cadeia, bueiro de sarjeta, farrapo trapo da própria inconsistência
agora nem chorar você pode baby, porque você não pode se transportar
pois não existe nenhuma substancia nem substantivo em você
que não vai poder se fazer velho para voltar a ser criança
quanto eu te falei de amor você optou pela dor para ser sua companhia 

ah baby, eu também estou sofrendo, sabe?
é muito triste e agonizante ter que sentir pena
não é deleitante ter que se constatar superior
mas eu não posso sair do meu controle e me desafinar dos meus propósitos
eu sou do interior e a cidade não se deslumbrou nas minhas veias
se tivéssemos grana para te tirar do esgoto ao menos para te poder fazer morto
te restituiria o mundo noutra moldura de caleidoscópio 
mas você bebeu tudo, fumou tudo, cheirou tudo
estourou o som, ruiu a paz e esgotou o silêncio
você nunca quis se amar e não suportou o desamor do mundo
se atire ao mar sem me olhar para trás para que eu não vá junto

sexta-feira, 16 de maio de 2014

serenidade

verde e translúcido se misturavam ao relento
e à sorte, e ao vento e resistente na insistência do tempo
balançavam a folha, a gota, o gosto
do vegetal no orvalho e vice e versa é o verso

barulho feito assovio refastelava a alma
e brilhava, e  refletia e era lua driblando o breu
dava para ver nas pupilas dos garotos curiosos
suave combinado, moldura e acetato

minguada era a possibilidade de contato
quem ousaria desconstruir o fato
da folha, da bolha, elegante ornato
quase despercebido ao leu do meu mato

quarta-feira, 14 de maio de 2014

PARA PIRAR POR AI

Para pirar por ai
Vou seguir e voar
Nos trilhos da estação ferroviária do Brasil
E no anil desse azul
Vou jogar sudoku

Pirar fora
Do centro e pirar por ai afora
Até bater em Pirapora

De frente pro planalto central do Brasil
Vai comer solta a pororoca
Com carne de sol e mandioca
E lá despachos sem esquina e com caldo knorr

Gritar pra esta nação desgovernante
Que a pátria nunca quis ser tão amante
Pirar na ação
De tudo ter que ficar belo
Pra gente não se fuder
de verde e amarelo

terça-feira, 13 de maio de 2014

Fogo: para alguém que não mais existe

Deuses de todos os céus,
Eu já sentia um tesão por você fazia tempos
Tinha vontade de tudo e coragem para nada
Vivia a espera de sinais, de oportunidades, de encostos acidentais
Sonhava acordado com o seu colo preenchido de cabelos
Ensaiava modos de me me insinuar e na hora H somente me transparecia bobo
passado, crianção palhaço, falando coisas ao deus-dará

Deuses de todos os céus,
Eu sentia vontade de te mastigar por inteiro
desde o seu traseirão frondoso até o último fio de cabelo
conseguia quando muito apenas ficar inerte
esperando uma piscadinha, uma piadinha, um monossílabo
e nada de possibilidades de flerte, de ousadia
por mais que mais me atiçassem suas aparições momentâneas 

Deuses de todos os céus,
eu ia perdendo as contas do tempo de tão antiga a minha tara
vai que eu tentasse e você me espalhasse para a cidade inteira
porque uma coisa é ser bicha hoje e outra foi ser viado em São João da Ponte na década de setenta
prevalecendo nem voce me persegue nem a gente tenta
o máximo que eu me permitia era uma punheta e um ato de contrição
naquele tempo eu era cristão, rato de igreja, escravo da submissão
e a ideia de pecado me alucinava porque sempre fui alucinado por delitos

Deuses de todos os céus,
tudo era motivo para eu sonhar com você
eu fantasiava uma historia aqui e outra ali
te desejava na cruz como se você fosse o meu cristo
imaginava você me fodendo nos caminhos que dão para os cochos, para o tanque
onde de quando em vez fazíamos piqueniques insuportavelmente inocentes
numa dessas, quase morri por ver sua rola trincando dentro da sua sunga molhada.

Deuses de todos os céus,
desesperança, tesão e desistência, desilusão geral
quando eu menos esperava já sentindo quase um seu irmão
não é que num belo dia você me abriu o seu roupão
para eu ver seu pau grande, grosso, duro e melado feito pudim de festa
perdi a fala, o medo, o corpo, a alma, matando, tintim  por tintim, as nossas sedes
abobalhados, assanhados, descompensados e rindo para as paredes

domingo, 11 de maio de 2014

PONTO DE PARTIDA

E o mar de amniótico transborda nos transportando para a vida
Já era mãe
Já era lágrima
Já era mel

Já era céu
Já era eterna e passageira
da alegria, da agonia
Era mulher o bicho que dá cria
Não só em hoje
mas em todos os dias
Flores, louvores para todas as marias.
As parideiras, as criadoras
que vigiam, sentem, lambem
que já são prontas, com o alimento por dentro
que saciam
as que cuidam, as mesmas que estragam
que se arrebentam por nós
que somos seus rebentos.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

contraproposta

você se oferece para dormir comigo,
mas eu imponho condição,
façamos tudo, dormir não!

quinta-feira, 8 de maio de 2014

FITA BARRADA I

DEPOIS DO ORGASMO
VOCÊ SENTIA SEDE
EU, AINDA DE RESPIRAÇÃO FUNDA
MIRAVA NA COR  BRANCA DA SUA BUNDA
E RIA, ME ASSANHAVA, 
NUM ÍMPETO, DAVA UMA PALMADINHA NELA

VOCÊ, MORRENDO DE SEDE
PEDIA ÁGUA MINERAL,
MINERAL O ESCAMBAU,
DAVA A BUNDA A PALMATÓRIA 
E REPETÍAMOS A  MESMA HISTÓRIA



sábado, 3 de maio de 2014

AGRADECIMENTO

Obrigado
Obrigado
A tudo
Tudinho mesmo 

A vida!
Ah, a vida
qualquer sopro 
qualquer piscar
Viver
agradecer
sem se conter 
meter a cara e o que mais quiser
em todas as frestas do mundo
para o bem da alma
louvar a tempestade e a  calma
aguardar com ou sem batom
sentir qualquer tom

Seguir
saboreando, depurando
a cada vez menor, diante das grandezas que nos descortinam
se render ao pulsar
pois que tudo é bonito ou secamente feio
ir, sempre, mais, sem freio

Obrigado!
simplesmente por estar acordado.




quinta-feira, 1 de maio de 2014

Sou de você



Me ardi,
foi pele, foi teu corpo
foi minha entrega
meu encosto na vastidão das nossas danuras
nos fizemos selvagens em meio as ternuras
dia seguinte
riso farto, pele mais macia, mais brilhante
a gente mais sedento, mais amante
mais certeza de te amar,
te ter e querer mais a todo instante.