quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Toada sertaneja

São João da Ponte
do modo que no coração
vontade e sentimentos se arvoram
ambas as coisas, ou uma ou outro, pouco importa

Recado de Aline para o moço delgado lá da esquina
quando ainda havia a venda de Giorgio
horas de se voltar pra casa contadas no relógio
certeza de que por prazer qualquer morrer vale a pena
agora parece que sou somente poesia
sinto cismas de rimas
vontade de jogar versos pra você
catar prosas de se levar para a cama
acordar sorrindo com bom dia pro que ama


segunda-feira, 19 de junho de 2017

Contrariado


Gosto dos amores platônicos
Estrutura eterna intacta
Sonho seguro com o que não vai acontecer 
Se me revelo pra você perco pra sempre sua companhia
Te quero tanto quanto te digo não toda hora
E somente vou à forra solitário em meu sonho

Que seria de nós sem esse dispositivo cuidadoso
Se libido é tudo que não se controla
Do jeito que te desejo como agora
Quando você passa e me faz suspirar
Não te direi nada e por aí à fora
Seguirei feliz contigo em meu arfar

"home tombô (grito de passarim)"


Do que mais me lembro
Me ocorre aquelas velhas tranças até as ancas
Hora livres 
Hora embutidas
As tranças em minhas lembranças
No campo onde por Mato tombam-se homens
Antes das tranças rugas às testas
Mulheres sem motivos pra festas
Feito índias, negras, e outras matusquelas
Olhares e lágrimas pérolas
Silencioso tecer de tranças e esperanças

Vapor para amanhecer


Chuva e frio 
Ócio, cio
Namorados pelados
Às margens da cama
Coisa boa quando tem
Alguém com quem se ama
Pra completar extasiado panorama
Corpos em néon flutuando na penumbra
Camisinha de morango
Goma de mascar sobre o criado mudo
Eu e você às voltas com um tesão absurdo

sexta-feira, 19 de maio de 2017

do modo de nós dois na cama


😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍


ainda há pouco,
grudamos-nos
totalmente nus
do modinho como que se cai no mundo
eu e Cláudio
eu somente desejo
ele pura brasa
homem ao cume
a gente cheirando a perfume
desses que nos empurram
das carícias às delícias


transamos nus
nós nos possuímos
de tudo que foi jeito
num tempo impreciso
junção perfeita dos nossos testículos
nossas vísceras, nossos versículos
fogo que se apaga molhado de boquete
ardor oral, anal, vapor do gozo preciso
escalada ao paraíso
ao preço da satisfação de agora
coisa boa sexo sem ter hora

Pátria partida




até que fico a perguntar quais astros habitam o lábaro que ostentamos estrelado
talvez no âmbito dessas nuanças
ainda permaneçam nostalgias
do império e dos reinados
estandarte de esvoaçados instáveis
contrastes, oscilações e disparidades constantes
nao sabe se se cabe escravo, forro, pobre ou rico
bailado aos céus em direção ao horizonte
uma hora certo, outra hora errante
politicamente correto concomitantemente desconcertante
clarão, cadente, constelação nacional
como se precisasse ser ou o bem ou o mal

domingo, 12 de março de 2017

atitude

tenho saudades
daquele bar ali
nos arredores da velha
rodoviária

tenho
certeza que  ele
só frequenta minha memória
vontade de dar pra você
daquele jeito escondidinho
que não encontro agora

quarta-feira, 8 de março de 2017

Gente que dá flor


Em toda casa existe um pilar sagrado
ofício desmedido e fazer pesado
Seja um corpo presente
ou porque somente se sente
agora toda uma lembrança
referencia primeira da esperança
uma alma eternamente da menina
uma inquietação naturalmente feminina
apesar dos grilhões de histórica opressão
suave a face e fortaleza o coração
elemento mais sublime da beleza
em todos os sentidos suprema fortaleza
silenciosa e turbulenta sangria
toda vigilante noite e dia
toda aérea e simultaneamente pé na terra
quem vence a luta sem precisar ir à guerra
mistura antagônica de desespero e paciência
sagrada, profana, leviandade e decência
todo o sempre para o que der e vier
todas as horas se fazem dias pra mulher

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

D'alma alva


lancei ao vento as velhas angústias
cansei de sofrer com poesias horríveis
do mesmo jeito que deixei por fastio
os vinhos ordinários que me tingiam a língua
pra que cultuar o sofrimento e a morte
o ruim por si se alastra e amplamente me detona
quero distância de escritas tristes e demais agonias
agora, à minha pena, apenas tintas de bem dizer
uma coisa é Vânia ter se livrado de mim
pior seria eu deixar que levasse a minha vida consigo
escondi cordas e facas distantes da minha garganta
e optei pela alegria distraindo a nostalgia de antes
rompi definitivamente com a lira do sofrimento
piora-se o sofrer requintando-se o lamento
honesto e sereno agora aposto no bom humor
sem letras tristes, sem melodias miseráveis
e que sempre assim seja daqui pra frente
quero distância de gente carente e lamuriosa
me libertei daquele poema recalcado que eu fazia
não quero mais o corpo tenso e a alma fria

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Moto continuo


enquanto o tempo passa
continuemos reinventando a roda
desse jeito à nossa moda
nada se inventa
tudo se requenta
mas não se paralisa
Ai, gostoso beijo que pus em ti
do jeito que era ontem e agora
Santo Deus, Nossa senhora!
para sempre te seguir
te repetir aqui e ali

Meu verão


Aqui tudo chove
e chove, e chove, e chove
já amoleceu meu bronquite
chuva que não tem limite

e abranda meu coração
São Paulo das águas
refresco pra poluição
e mimo para a cantareira
matar sede, esperança verde

não fosse a insensatez do homem
não haveriam vítimas
somente deslisamento
capitalismo de dores
que contrapõe o firmamento
assim se explica o lamento

não porquê chove
enquanto chove, chove, chove
melhor molhado
meu pensamento
que virá o sol em boa hora
Para sempre assim
Louvado Deus, Nossa Senhora

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

batom carmim




depois daquele beijo
não respondo mais por mim
daqui pra frente
vai rolar tudo
entre a gente

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Caí da moda



De marca agora,
Somente as do tempo em minha pele que ainda insiste lisa:
Cicatrizes antigas que andaram pelo corpo;
Queimaduras, traquineces, perebas, vacinas.
Tenho esses boletins em minha extensão.
Não uso mais etiquetas, nem as quero, não as tenho.
Foi se o tempo da compensação pela falta de dinheiro.
Pobresa não se remedia com alegrias furtivas,
felicidade que não consta na textura das camisas e nas outras vestimentas.
Penso que andar pelado seria mais genuíno,
menos adulto, mais menino
sem ser fashion ou pret a potter.
Ao meu estilo me cobrindo
mais visível pra Você.
Como antes não se via
todo o trage que me denúncia.

sábado, 14 de janeiro de 2017

Morta e exposta


olha moleque doente
pena dessa sua ânsia louca
três balas no peito de sereia
que coisa feia
amor não manda bala
nem no peito de sereia
nem no de mulher nenhuma

olha moleque sem jeito
vai precisar se apodrecer na cadeia
a gente sabe a senha
é a lei maria da penha
mulher não se bate nem se mata
amor não autoriza matar nada
nem mulher, nem homem também

olha moleque com defeito
casa de sereia não se viola
não é casa de mãe joana onde se deita e rola
tem que ter respeito
não se chega e estoura bala no peito
e simplesmente mata
corpo de sereia não se maltrata

Olha moleque mufino
a primeira bala era ânsia
a segunda o machismo e a matança
a terceira a covardia e o domínio
o coração de sereia era único
romântico, indefeso e com medo
de ficar tudo por isso mesmo

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Desde a véspera


na nossa conjuração
tem um que da minha menina
moleca serelepe que te alucina
com a fome do teu leão que me ensina
lançar peças de panos ao vento

tudo isso estava escrito na conjugação dos nossos astros
conspiração deliciosa que aguçou as nossas vidas
determinação por atitudes impensadas, atrevidas
vastidão da nossa carne bem passada, bem servida
caminho nas mãos, entrada, estrada colorida


quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

De quatro


Com você eu vou até sem
rumo
prumo
tem um lance
de desejo
de intuição
que gera confiança
a vida segue
bailando à nossa dança
cruzados risos
de sempre crianças
me oferto inteiro pra você

Enquanto mais nos queremos


Éramos ao todo
Eu, você e um arsenal de emoções
O tempo não menos que de repente 
Nos ensinou a apostar mais na gente
Aprendizados epiteliais espirituosos encostos, encontros
Permissões numa geografia por sobre cetins escaldantes
Mais amantes, mais gigantes
Mais prazeres delirantes
Conosco a magia desafia qualquer escassez
Depois de por nós mesmos nao pouparmos
Orifícios, nem suores, nem delitos
Escravos que somos das nossas deliberações
Por tudo isso em nossas manhãs
Todo café é sagrado
Sem importamos com a idade do pão
Grata, conclusa lição
Todas as batidas da nossa pulsaçao

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Ao pão nosso de cada dia deitados hoje




Ui
me encaixei com Zé, o augusto
do jeitinho que eu queria
Zé ao gosto, todinho meu
feito refeição de bar
sua cama, minha imaginação fértil
Presa Fácil
Prato feito
PF de gente
ardendo de quente

Santa Insônia


Naquele escuro de tudo
Se ainda for madrugada,
Aos poucos rosáceos no céu 
Feito a espera bendita de sol em quintal

Primeiros raios
Primeira alternância
Surgencia de clarões
Impregnância de esperança

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

PRA DENTRO DA GENTE



ENTRE SEM BATER
MINHA PELE É SENSÍVEL
E TUDO ENTRE NÓS JÁ É ALARDE

APENAS DEIXA SER
MAS SEM QUE O EXTERIOR
NÃO JUSTIFIQUE O SENTIMENTO

NÃO DEIXE QUE SEJA A DOR
MAIS DO QUE PUDERMOS SER UNGUENTOS
ENVOLTOS EM SENSAÇÕES MACIAS

COISAS ALÉM DAS ROUPAS
QUE SE AMALGAMAM PELOS POROS
ASPIRADOS, TRANSPIRADOS, TRANSLÚCIDOS

sábado, 17 de dezembro de 2016

Simplesmente poderosa

quando menina
Analice esqueceu o sorriso
na esquina da rua bocaiuva com Correia Machado
um viaduto, uma vontade de pular da vida
tanto infortúnio
no vai e vem de uma existência micharia
as faces muchas e os calcanhares rachados
ao sol, ao sol, toada da ida suada
Analice desconhecia das fragrâncias das namoradeiras
e sua mente se poluía com o apito pedagógico das fábricas
Donizeth não a quis por amor
e se procriaram por acaso
pura carne e aflições
serviçal que foi até que lhe caísse a ficha
que mulheres vão a luta
até que se assumisse o que de belo havia nela
juntou papelão, latinhas e se virou nos trinta
aprendeu manicure, pedicure, maquiagem e outras fitas
fez supletivo primeiro e segundo grau
deixou de ser domestica, do lar e mais o escambau
trocou Donizeth por um homem mais feio, mas interessante
sentiu seus dias se tornando menos massantes
não teve mais crias
usou pilulas, preservativos até que fez a ligação tubaria
hoje ela passa na esquina
mais mulher, menos triste, não mofina
plena no seu exemplo de sucesso nessa vida
e fica aérea absorta nos vais e vens das suas lidas
ficou mulher fina, consume cultura
assistiu titanic e toda a série crepúsculo
ouve DVD, lê revista caras
e é proprietária de salão de beleza, profissional liberal
e rompeu completamente com aquele passado mal fadado
daquele tempo perdido
agora somente a lembrança auditiva
do fuzuê da meninada quando aquele bom moço passava
nos trilhos da central do Brasil
ela era toda desengonçada
requebra que te dou um doce
era pra ele, para ela nada.
Analice agora é vedete
fez tratamento de dente
tem sorriso reluzente
já foi até chamada de tchutchuca, de cachorra
e mais uai, viajou pra Paraguai
semanalmente vai coma as amigas à quarta da viola
toma drinks com engov pra se prevenir de ressaca
quem a viu, quem a vê
Analice deu a volta por cima
que seja também com você! 

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Não porquê fosse Natal ( Depois da festa )



o que seria da gente sem um punhadinho de gente brilhante
é que tem uns e outros
que não se apagam nem no escuro
do jeito que você esteve pra mim naquele momento
bem mais que todo mundo e em toda a vida
e olha que não era natal nem ano novo
era somente você novamente
constante do jeito que os dias me acometem
entra ano e sai ano com a gente se escorando
com tudo que rimos e choramos
ou perdemos, ou conquistamos
eu sofro dessas gentes
você é como aqueles outros poucos
e aquelas meninas alegres da década de oitenta
quando pensa que não
clareiam caminhos pra que a gente se orienta

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

blim blom


Cada um por si e Deus por todos
replica a sentinela
O lado de lá é a cidade
O lado de cá é a favela

o lado de lá são milhões em vinténs
o lado de cá milhões de ninguéns

aqui na favela a polícia chega mais que a água
na cidade a água deságua aos olhos da gente
na favela é tudo muito diferente
vem quem bate, mas não quem acode

na cidade é cada um por si
na favela tem um tal de arreunir
a cidade é de uma beleza
a favela mais a própria natureza