quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

D'alma alva


lancei ao vento as velhas angústias
cansei de sofrer com poesias horríveis
do mesmo jeito que deixei por fastio
os vinhos ordinários que me tingiam a língua
pra que cultuar o sofrimento e a morte
o ruim por si se alastra e amplamente me detona
quero distância de escritas tristes e demais agonias
agora, à minha pena, apenas tintas de bem dizer
uma coisa é Vânia ter se livrado de mim
pior seria eu deixar que levasse a minha vida consigo
escondi cordas e facas distantes da minha garganta
e optei pela alegria distraindo a nostalgia de antes
rompi definitivamente com a lira do sofrimento
piora-se o sofrer requintando-se o lamento
honesto e sereno agora aposto no bom humor
sem letras tristes, sem melodias miseráveis
e que sempre assim seja daqui pra frente
quero distância de gente carente e lamuriosa
me libertei daquele poema recalcado que eu fazia
não quero mais o corpo tenso e a alma fria

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Moto continuo


enquanto o tempo passa
continuemos reinventando a roda
desse jeito à nossa moda
nada se inventa
tudo se requenta
mas não se paralisa
Ai, gostoso beijo que pus em ti
do jeito que era ontem e agora
Santo Deus, Nossa senhora!
para sempre te seguir
te repetir aqui e ali

Meu verão


Aqui tudo chove
e chove, e chove, e chove
já amoleceu meu bronquite
chuva que não tem limite

e abranda meu coração
São Paulo das águas
refresco pra poluição
e mimo para a cantareira
matar sede, esperança verde

não fosse a insensatez do homem
não haveriam vítimas
somente deslisamento
capitalismo de dores
que contrapõe o firmamento
assim se explica o lamento

não porquê chove
enquanto chove, chove, chove
melhor molhado
meu pensamento
que virá o sol em boa hora
Para sempre assim
Louvado Deus, Nossa Senhora

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

batom carmim




depois daquele beijo
não respondo mais por mim
daqui pra frente
vai rolar tudo
entre a gente

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Caí da moda



De marca agora,
Somente as do tempo em minha pele que ainda insiste lisa:
Cicatrizes antigas que andaram pelo corpo;
Queimaduras, traquineces, perebas, vacinas.
Tenho esses boletins em minha extensão.
Não uso mais etiquetas, nem as quero, não as tenho.
Foi se o tempo da compensação pela falta de dinheiro.
Pobresa não se remedia com alegrias furtivas,
felicidade que não consta na textura das camisas e nas outras vestimentas.
Penso que andar pelado seria mais genuíno,
menos adulto, mais menino
sem ser fashion ou pret a potter.
Ao meu estilo me cobrindo
mais visível pra Você.
Como antes não se via
todo o trage que me denúncia.

sábado, 14 de janeiro de 2017

Morta e exposta


olha moleque doente
pena dessa sua ânsia louca
três balas no peito de sereia
que coisa feia
amor não manda bala
nem no peito de sereia
nem no de mulher nenhuma

olha moleque sem jeito
vai precisar se apodrecer na cadeia
a gente sabe a senha
é a lei maria da penha
mulher não se bate nem se mata
amor não autoriza matar nada
nem mulher, nem homem também

olha moleque com defeito
casa de sereia não se viola
não é casa de mãe joana onde se deita e rola
tem que ter respeito
não se chega e estoura bala no peito
e simplesmente mata
corpo de sereia não se maltrata

Olha moleque mufino
a primeira bala era ânsia
a segunda o machismo e a matança
a terceira a covardia e o domínio
o coração de sereia era único
romântico, indefeso e com medo
de ficar tudo por isso mesmo

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Desde a véspera


na nossa conjuração
tem um que da minha menina
moleca serelepe que te alucina
com a fome do teu leão que me ensina
lançar peças de panos ao vento

tudo isso estava escrito na conjugação dos nossos astros
conspiração deliciosa que aguçou as nossas vidas
determinação por atitudes impensadas, atrevidas
vastidão da nossa carne bem passada, bem servida
caminho nas mãos, entrada, estrada colorida


quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

De quatro


Com você eu vou até sem
rumo
prumo
tem um lance
de desejo
de intuição
que gera confiança
a vida segue
bailando à nossa dança
cruzados risos
de sempre crianças
me oferto inteiro pra você

Enquanto mais nos queremos


Éramos ao todo
Eu, você e um arsenal de emoções
O tempo não menos que de repente 
Nos ensinou a apostar mais na gente
Aprendizados epiteliais espirituosos encostos, encontros
Permissões numa geografia por sobre cetins escaldantes
Mais amantes, mais gigantes
Mais prazeres delirantes
Conosco a magia desafia qualquer escassez
Depois de por nós mesmos nao pouparmos
Orifícios, nem suores, nem delitos
Escravos que somos das nossas deliberações
Por tudo isso em nossas manhãs
Todo café é sagrado
Sem importamos com a idade do pão
Grata, conclusa lição
Todas as batidas da nossa pulsaçao

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Ao pão nosso de cada dia deitados hoje




Ui
me encaixei com Zé, o augusto
do jeitinho que eu queria
Zé ao gosto, todinho meu
feito refeição de bar
sua cama, minha imaginação fértil
Presa Fácil
Prato feito
PF de gente
ardendo de quente

Santa Insônia


Naquele escuro de tudo
Se ainda for madrugada,
Aos poucos rosáceos no céu 
Feito a espera bendita de sol em quintal

Primeiros raios
Primeira alternância
Surgencia de clarões
Impregnância de esperança

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

PRA DENTRO DA GENTE



ENTRE SEM BATER
MINHA PELE É SENSÍVEL
E TUDO ENTRE NÓS JÁ É ALARDE

APENAS DEIXA SER
MAS SEM QUE O EXTERIOR
NÃO JUSTIFIQUE O SENTIMENTO

NÃO DEIXE QUE SEJA A DOR
MAIS DO QUE PUDERMOS SER UNGUENTOS
ENVOLTOS EM SENSAÇÕES MACIAS

COISAS ALÉM DAS ROUPAS
QUE SE AMALGAMAM PELOS POROS
ASPIRADOS, TRANSPIRADOS, TRANSLÚCIDOS