sábado, 29 de março de 2014

Lua de mel










Deixei de precisar ser triste depois que o meu amargor se condensou em chocolate

Na ponta do meu estado quase perfeito de alegria

Está o meu menino, meu esposo, dormindo tranquilo em nosso leito

A gente voou pelos ares até cair em Buenos Aires

Sem saber se era tango ou rock and roll

Depois que a gente se embolou feito cacau debaixo da pisada bruta

Nossa vidas ganharam mais  sabor

Não nos apegamos mais a detalhes e nem mesmo fazemos questão do sentido das coisas.

Tudo tem se resultado em nos buscarmos um ao outro

Qualquer estrada produz o nosso encontro

Nosso sabor meio amargo é todo o doce da nossa alegria

Nesse café sem bobagens na esquina da Santa Fé com Praça Sam Martin

Estamos leves como a gota do gás da água em sua efervescência



Gracias! Deixei de prestar atenção em torturas depois que aprendi a felicidade

A minha qualquer dor agora mescla com o dulçor do teu bombom

Porque com você perdemos o tom das coisas, seus nomes, seus significados

O desamor agora é escabrosamente traduzido entre parafinas no nosso licor

Depois que as nossas almas todas se ascenderam , passamos  a decifrar

O curso das nossas vidas em torno de nós mesmos. Somos alfajores

Com um super recheio que comporta tudo. Somos felizes e mais nada

Andorinhas tresloucadas voltando para o Brasil

Eu, meu benzinho, El caminito, tudo todo colorido

Quem tem amor sabe o seu fim juntinho coladinho dentro da gente mesmo

Tão novo tanto quanto velho como em feira de San Telmo

A gente se casou e foi pras bandas de Argentina

La Florida, el câmbio, solidão, contentamento, unguento 



quarta-feira, 19 de março de 2014

Flerte

Ele piscou pros meus olhos um amor confesso
e procurou disfarçar porque a sala tava cheia de gente
quis ter tomado bastante aguardente
pra se sentir mais gente
mais atraente, mais ousado

Depois achou jeito de se sentar
até se encostar ao corpo
do lado dele, sentados
e desembestou o sangue
em ventre aceso eriçado
e o olhar mais que nunca abobalhado

terça-feira, 18 de março de 2014

AUTORRETRATO

sou feio, sou bonito
elegante, relaxado
tanto visto frouxo
quanto apertado
tanto quanto como cheio
quanto como tanto faz
sou um copo vazio
ou sempre uma dose a mais

durmo de cabeça para baixo
racha o sol
sem minha pele ou nela nua
na hora do almoço as vezes janto
e vice e versa em festa
falando mudo ou em esperanto

Eu pranto e canto
doido e santo
uns correm léguas do meu corpo amigo
enquanto me acabo com outros
que param para a cama comigo

sábado, 15 de março de 2014

Hollywoodiana

Sob o foco de copacabana
Onde a luz nunca se esvai
Maria Adelaide sai.
Aparece mariposa em ligas pretas,
fio dental metidinho na bunda

Tudo é natural em Maria
Adelaide nem curte silicone
Maria circula de homem prá homem
e usa camisinha
Adelaide é maria certinha

No palco incendeia com voz rouca
Louca, santa
Maria?  Canta!
Adelaide? Tonta, apronta
Conexão torpedo
Destempero e medo

quinta-feira, 13 de março de 2014

BAILE

Maria Adelaide sofre de discriminação sexual desde
Criancinha. Tadinha dela! Ainda ontem,
Só porque um , a chamou de bicha, 
Foi preciso falar com ela:
___ Tá doida tricha, põe salto,
Ficou deprimida, Com vontade de remédios!

Maria Adelaide é discriminada pelas forças armadas.
Fica revoltada por não poder servir ao exército,
Tão louca pelas forças
armadas dentro das fardas

Dia desse teve medo da polícia
Ouviu alguém dizer na rua:
___ Vira homem, lagartixa
Quis ir ao PROCOM
Reclamar defeito de fabricação.
Mundo Cão. Faz isso com as Adelaide não


quarta-feira, 12 de março de 2014

Em louvor a Maria Adelaide

Maria Adelaide


Quando vê homem
Maria Adelaide
Regozija!
Maria homem
feito qualquer homem Adelaide
Maria gosta somente de homem
Ih, na cama, na fama, até em grama!
Eh, Maria !
Ui, Adelaide.

terça-feira, 11 de março de 2014

Núpcias

hoje em minha casa
foi decretado festa
teremos dry martine
e cerejas de chuchu

teremos Maria Juana
arrumaremo-nos nus na cama
do jeito que faz quem proclama
ao mundo inteiro que ama

sexta-feira, 7 de março de 2014

autocondução

daqui a pouco vou me masturbar contigo
você tomou conta dos meus pensamentos
desgovernou as minhas mãos
e elas passeiam em mim

a emoção me ilude
as minhas mãos são as suas
suaves nos bicos dos meus peitos
entre as minhas pernas dentro dos meus ouvidos

não sou eu quem me percorre quando em mim as minhas mãos passeia
é a conexão virtual do nosso sexo online nosso tango nosso braile 
o amor intenso que desencadeia a imaginação bem mais para fértil
cuspido untado o gozo sagrado que jorra pro espaço meu produto lactil




segunda-feira, 3 de março de 2014

DEMAGOGIA

Recurso mais adorável esse!
Entrelaçamento ao absurdo,
embriaguez da utopia,
posta à mesa a ordem do dia.

Qual vale mais, a minha autoridade ou a sua?
O que o importa o que quer que seja se é imperfeito?
Ter que ser A ou B o tempo todo arrepia,
sentir, aprender, conhecer, crer, escolher, democracia!

Recurso sim, mais adorável esse! 
Da não política eterna. 
Persistência da impossibilidade. 
O bom de não acontecer.
Não se empenhar na guerrilha 
para nunca poder poder.
Gritar, não agir,  ante ao que não deveria
sem se envolver