Eu debruço os olhos nas cidades,
Lixo para qualquer parte.
Ai, que voa de um carro!
Um coco quase na minha cabeça.
Eu passeio a língua nas cidades
gritando sossega língua!
Ela se faz solta, louca,
querendo romper o silêncio,
precisando de gritar verdades
Os lábios ajudam, a boca comparece.
A gente não tá vendo o que merece,
nem rezando, nem votando, nem comprando.
As cidades se agonizam enquanto crescem,
um parece que ninguém se mexe
para garantir que alguém não se avexe.
No fim do dia meus olhos se voltam tristes para mim:
fumaça, tóxica, lágrimas, ardores e deteriorações.
Na noite a língua se decompõe do excesso dos venenos,
paladar amargo dos verbos rasgados sem recomposições.
Do luxo ao lixo podre escancarado
pelo tácito, permitido inadequado
amanhece língua com o olhar arregalado.
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