sábado, 30 de abril de 2016

vida vicia


terça-feira, 26 de abril de 2016

poço fumo

doe, fundo
o sofrimento aspirado pelos olhos
enquanto a carne experimenta o lume da navalha
e a alma?
esperou do corpo um mergulho no silêncio
tingido quarto de breu em petição de calma
e ia a fome no estômago vago
conduzir os dentes aos joelhos
uma postura de paciência inesgotável
com mãos abertas e pés em aço descalços
aquela imagem de zumbi
sem o que beber, nem comer, nem curtir
em meio as convulsões loucas, as contorções
enquanto ia pelas veias
as substâncias e outras gamas do submundo
quem dera que Aninha se safasse do crack
e não se desse sem prazer de qualquer jeito
para não parir mais sofrimento e medo
porque ninguém acode
porque misericórdia sempre foi enganação
circunscrita a pão dormido e oração
Senhor, livrai-nos todos do mal dos homens
principalmente dos deputados e senadores destorcidos
conclamo gritos para despertar espíritos
essa gente ralinha é do bem
só se perdeu no tempo sem asas ao vento
são quem ao mundo em nada convém
não são mais gente, nem ameaçam
Pobre Aninha com os seus iguais
sujeira, necessidades e ais
ao léu, ao fel da obstinação
Sem aniversário, sem salário, sem parentes
sem peso, sem bom movimento, sem semente
sem saber morrer acostumados com o que sente.